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A inserção das classes C, D e E na economia nos últimos anos, um dos grandes feitos do governo Lula, criou uma nova classe média no país. Conforme dados do Centro de Políticas Sociais da FGV, entre 2001 e 2009, a renda per capita dos 10% mais ricos aumentou em 1,49% ao ano, enquanto a renda dos mais pobres cresceu a uma taxa de 6,79% por ano.
Somente entre 2008 e 2009, a taxa de pobreza caiu de 16,02% para 15,32%. Os números mostram também que, na época do auge crise financeira de 2009, a classe C cresceu mais em termos proporcionais do que as demais classes, chegando em 2009 a 94,9 milhões de brasileiros -- cerca de 50% da população. Diante desse cenário, a nova classe tornou-se alvo de empresas e de partidos políticos, que veem aí também o novo eleitor.
Com a emergência do novo consumidor, a questão agora é fazê-lo inserir-se na sociedade como cidadão e agente social. O Bolsa Família tem sido o principal fator desse processo, contribuindo na diminuição das desigualdades sociais, registrando queda da pobreza extrema de 12% em 2003 para 4,8% em 2008."
(trecho da mensagem do Portal Luís Nassif sobre evento do Brasilianas.org que acontece dia 1º de novembro)
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Nunca havia pensado no ditado "O que os olhos não veem, o coração não sente" mais a sério, a não ser da maneira clichê básica, usando de brincadeira por aí. Até que comecei a procurar um título para esta postagem.
Fico sempre buscando algo bem resumido e nem sempre consigo fácil ou a contento - apesar de ter sido boa em manchetes na faculdade... (às vezes, a concisão do título também ia para o texto, particularmente na hora em que o que se pedia eram laudaS, no plural... mas isso é passado).
Muitas ideias apareceram rápido rapidinho (efeito de ouvir o canal Standards) e, depurando, foi ficando algo como "pobreza incomoda". Mas ainda não era isso. Para completar, ficaria comprido. Estava quase desistindo quando o ditado surgiu na mente e fui conferir o que meu fiel aliado Google dizia a respeito. Deu nisto - poesia da Ruth Rocha que eu desconhecia.
Um pedacinho:
"(...)
Mas um dia, coisa estranha!
Como foi que aconteceu?
Com tristeza do seu povo
nosso rei adoeceu.
De uma doença esquisita,
toda gente, muito aflita,
de repente percebeu...
Pessoas grandes e fortes
o rei enxergava bem.
Mas se fossem pequeninas,
e se falassem baixinho,
o rei não via ninguém.
(...)"
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Enfim, ainda tenho que ouvir pessoas que insistem em desacreditar dos resultados comentados na primeira parte do texto. Não satisfeitos, falam muito muito mal do programa Bolsa Família e do governo do PT - como se fossem sinônimos, esquecendo (sendo boazinha e não dizendo que não sabem...) que a origem de um não corresponde ao partido do outro.
Enquanto escrevo este texto - e ouço música, e procuro outras em alguma playlist, e coloco roupa para lavar, e assisto algum programa gravado, e consulto o dicionário, e pesquiso no Google, e respondo e-mail, e vejo a promoção da Zelo - leio no Facebook uma conversa entre um amigo e meu namorado, originada pela saída do ministro do Esporte.
Para ele e vários outros amigos, falar em governo do PT é sinônimo de que tudo que for feito é uma droga, no mínimo. Os militares eram santos, Collor e PC Farias nunca existiram e nem vou falar de Maluf Rouba mas Faz, nem repetir as piadas sobre Newton Cardoso e suas obras... A corrupção surgiu com o Lula e seu PT. Ponto.
Existem defeitos? Sim, existem. Existem problemas? Sim, existem. Existe corrupção? Sim, existe. Tudo isto continua existindo como sempre existiu.
Certa vez minha mãe me disse que se eu tivesse nascido un 20 anos antes, com certeza eu iria ser uma daquelas pessoas "desaparecidas" durante a ditadura...
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Coincidentemente*, de manhã lia a apostila da escola do João Pedro (!!!!!! - pânico ao lembrar dos erros e qualidade da informação...) e um dos assuntos eram as cidades planejadas e as que surgiram naturalmente. Parte do texto lembrava que Brasília foi planejada com a ideia de igualdade - sem separações entre bairros ricos e pobres, p.e.-, mas, ao final da construção, os trabalhadores acabaram sendo obrigados a morar ao redor da nova capital, fazendo surgir uma cidade carente no entorno.
* (hoje é um dos dias em que desconfio da existência da tal coincidência)
ESTE HOJE JÁ FAZ ALGUNS MESES...