domingo, 21 de outubro de 2007

Falar ou não falar, eis a questão

Como se não bastassem os meus problemas, a minha "cabeça boba" (como diria João Pedro) fica querendo resolver os problemas do mundo. Bem, se fosse só do mundo...
É uma vontade de dar palpite na vida dos outros!
Dizendo assim ficou parecendo coisa de quem não tem o que fazer, mas não é. É preocupação, e - modéstia a parte - meus palpites não são de se jogar fora. Quem usou, não se arrependeu.
É também vontade de ver todo mundo mais feliz, vontade de ver as coisas melhorarem. É muito bom fazer parte disto, mesmo você não ganhando nada, mesmo você perdendo algumas vezes.

Lembrei de uma aula que dei na 6ª série há alguns anos (eu era eventual, a professora que cobre as faltas das titulares) . Não me lembro como surgiu o assunto, mas tentava mostrar aos alunos a satisfação de ajudar o outro, o prazer e a felicidade que sentimos quando vemos prazer e felicidade nos outros e que lá tem o nosso dedo.
Só sei que me empolguei e quando percebi, estavam todos quietos, na maior atenção - e a sala tinha uma péssima fama! Parei de falar e eles continuaram ali, na minha frente sentados, todos quietos, pensativos. Um daqueles momentos que a gente jamais esquece.

Há pouco tempo, não sei se li ou ouvi alguém afirmar que fazemos coisas pelos outros para nós mesmos. Na hora pareceu algo negativo, mas depois, pensando, cheguei a conclusão que não. No fundo é isso mesmo, inconscientemente mas é.
Saber que a sua vida é importante para alguém faz com que ela tenha uma importância diferente. E isto é viciante!

Bem, para quem gosta de astrologia, sou uma típica aquariana. E com ascendente em escorpião para ficar um pouco mais complicado... Portanto, se ninguém entender nada ou achar que ando viajando, liga não. É normal :)

Mas eu continuo aqui, pensando na casa de um, no namoro da outra, nas possibilidades profissionais de mais outro... Sem contar o casamento da minha cunhada em duas semanas e ainda não resolvi uma roupa, a minha pós que anda meio enrolada, minha alimentação, a escola do meu filho, oportunidades de novos trabalhos, meus projetos para o próximo ano...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

E o feriado está chegando...

Quantas pessoas irão lembrar a razão deste feriado?
Quem tem criança na família, vai lembrar que é o dia delas (se não lembrarem, as crianças farão o papel da memória).
Na escola também irão perceber que o Dia das Crianças é feriado.
Quem vive em um mundo só de adultos deve estar contando com o feriado do dia 12 e, sem crianças para lembrá-los, as propagandas de brinquedos irão fazer a conexão.
Mas nem em casa, nem na escola, nem nas propagandas alguém diz: "O feriado do dia de Nossa Senhora Aparecida está chegando!"
Em tempos de hipervalorização material, a concorrência é dura!

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Que mundo fazemos?

(Este texto escrevi no final de agosto e tinha me esquecido dele)

Estava lendo um artigo sobre política de atendimento ao adolescente infrator e o autor, dr. Paulo Afonso Garrido de Paula, dizia que impunidade é diferente inimputabilidade, assim como irresponsabilidade penal não significa inimputabilidade. Segundo ele, “a inimputabilidade (art. 228 da Constituição Federal) do ponto de vista técnico, significa exclusivamente a exclusão das conseqüências jurídico-penais, ou seja, significa que o adolescente não tem capacidade legal de suportar ônus decorrentes da condenação criminal.”

Foi aí que me lembrei de um outro artigo, não sei se na revista Pátio Educação Infantil ou na Nova Escola, que dizia que determinados comportamentos da criança é que não eram adequados e não a criança em si. Aqui trato de crianças basicamente em idade pré-escolar. Acima, de menores infratores – crianças e adolescentes.

Será que nenhum dos responsáveis pela Educação, pela Assistência Social, pela Segurança no país, todos pessoas supostamente capazes de estarem à frente destes setores, em todos os seus níveis e em todas as esferas, consegue perceber que problemas não surgem do nada? Não conseguem identificar a origem desses problemas?

Segundo o professor Yves de La Taille, “há um universo moral da criança pequena, ainda rudimentar, que vai desenvolver-se, sofisticar-se com o tempo, mas que merece atenção, sobretudo se quisermos que o desenvolvimento realmente ocorra”.

A criança e o adolescente estão em formação, não são adultos. Está certo que o que separa um adolescente de um adulto é um segundo de vida, mas, que eu saiba, ainda não encontraram outra maneira. Hoje você tem 17, é um adolescente. Amanhã tem 18, é adulto. Se estiver grávida e seu bebê resolver que vai nascer dois dias antes do vencimento da carência para parto, vai pagar o hospital. Se for fazer um concurso público e a idade máxima for 35, não vai adiantar dizer que está com 36 e algumas horas, mas se tivesse nascido um dia antes, tudo seria diferente.

Hoje existem menores praticando atos considerados adultos e temos adolescentes de 30 anos. E não são casos pontuais, isolados, exceções, não é necessário procurar muito. Acredito que todos conheçamos, no mínimo, um caso (como estou sendo boazinha ...).

O que resolveria colocar um adolescente de 16 anos em prisões com adultos? E o de 15 anos e meio que praticar o mesmo ato? Quando os de 14 anos começarem a ir pelo mesmo caminho, irão querer reduzir novamente a maioridade penal? Ninguém se pergunta por que a cada dia, mais e mais menores estão perdendo sua infância e adolescência, dando pouco ou nenhum valor à vida?

Acho que já estou me perdendo em tantas idéias e pouco espaço. De qualquer maneira, o que acho importante dizer é que reduzir a idade penal não irá diminuir a violência e nem liberar homens melhores depois de cumprirem suas penas.

Não somos animais que “aprendem” com punições, castigos, restrições. É necessário mais que isso. Somos animais, mas racionais. Somos seres em desenvolvimento, do momento em que nascemos ao que morremos.

Já passou da hora, afinal os conhecimentos existem e os exemplos também, de começarmos a enxergar além do último minuto. O adolescente infrator é um adolescente, como seu filho, seu neto, seu irmão, seu primo, vizinho. Ele se tornou infrator. E por quê?

Acredito que teríamos um mundo mais fácil se começássemos a pensar, a querer saber mais, a querer entender realmente. Não seria tão cômodo quanto continuar colocando a culpa em quem tem “poder” (nós temos poder!), quanto ignorar - enquanto não for afetado. Mas seria viver, usufruir de seus direitos e cumprir seus deveres.

Vamos sonhar...

Não me lembro se cheguei a comentar aqui que sou uma pessoa "visual". Meus pensamentos têm imagens, são filmes e filmes para cada música, cada livro, cada poesia...

Acabei de reler a poesia abaixo e o filme ficou tão bonitinho! Ótimo para uma sexta à noite, cansada depois de uma semana exautiva e cheia de percalços, perfeito depois de rever o final de Shopgirl e estar desligada do mundo ouvindo uma seqüência de Mary J. Blige, Sarah Vaughan, Macy Gray, Diana Krall...

Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu possa.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso: é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias.

(Fernando Pessoa)