terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Saudade de um blog?

Não sei se alguém já passou por essa experiência, a de ler uma mensagem via internet e ter a impressão de que está ouvindo a pessoa falar. Diferente de quando a gente imagina alguém com quem se comunica virtualmente, existem pessoas - na verdade, duas até hoje... - que me fazem ou, no caso a que vou me referir, fizeram ler "ouvindo".

A Marcela é uma delas. Ela escrevia o blog Desiderata, que eu não me lembro agora como descobri. Às vezes eu fazia um pequeno comentário por lá e da mesma forma ela em meu blog.

Inteligente, dedicada, atenciosa e educada.

No dia 29 de junho de 2008, ela deu a grande notícia: fora aprovada no concurso do Rio Branco e iria ser uma diplomata. Fiquei super feliz e parecia que a conhecia mesmo.

Mas como era de se esperar, ela parou de escrever. E ficou a saudade.

Coloquei aqui embaixo a última postagem do blog e a antepenúltima (inversamente), quando ela estava na expectativa pelo resultado das provas que acabara de fazer. Tomara que a felicidade que transmitiu ainda esteja com ela.

"Estranho… após um ano de estudo frenético, eu finalmente parei. E bateu uma síndrome de abstinência. O concurso do Itamaraty acabou no último fim de semana. Foram 26 horas de prova. Quase 50 páginas redigidas. Duas línguas estrangeiras e cinco matérias diferentes. Eu não descansei. Desde aquele fatídico dia de junho do ano passado, eu não descansei. Dediquei-me com afinco ao que mais quero nessa vida. Hoje, apesar de aliviada, estou super ansiosa. Trilhei o caminho com muito cuidado… espero que seja suficiente para agradar a banca do Instituto Rio Branco. Ai, ai, ai… espero que esse fim seja apenas o começo de uma nova vida."
Desiderata, 10/06/2008

"No dia 25 de junho, comemorei três anos de casada e recebi (pelo orkut, rsrsrs!) a notícia mais importante da minha vida: a de que eu estava matematicamente aprovada no concurso do Rio Branco. A lista oficial só sai no dia 16 de julho. A minha nota, contudo, garantiu a minha pré aprovação. Eu gritei, chorei, corri pelos corredores do prédio e abracei a empregada da vizinha. Estava sozinha em casa. Liguei para todas as pessoas mais importantes da minha vida e com elas chorei mais uma vez. Olhei para o céu e pensei: Caraca, eu serei uma diplomata. Esse não era o meu sonho de criança e eu não passei anos esperando por esse momento. Esse foi um sonho recente, chegou de repente. E foi trazido pelas mãos do Marco, meu companheiro, aquele que torceu, sofreu, penou e esperou ao meu lado por essa realização. São tantas pessoas que fizeram parte dessa trajetória. Tantas, mesmo! O meu marido, contudo, foi muito forte. Aguentou todas as horas de estudo, a bagunça da casa, as noites sem jantar, as saídas canceladas, os livros pelo chão, os choros imprevisíveis, o nervoso contínuo, os parcos sorrisos e as noites mal-dormidas. Foi ele que ficou ao meu lado durante esse ano, torcendo e sonhando. É a ele que eu devo agradecer primeiro. Então, Marco, mais uma vez te agradeço por fazer da minha vida uma vida mais fácil, mais alegre e mais bonita. Esse sonho também foi seu e a realização também é sua. Te amo muito!!!"
Desiderata, 29/06/2008


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Mais ideias de João Pedro

- Mãe, posso fazer uma loja na garagem de casa?
- Para vender o quê?
- Ah, brinquedos, coisas que a gente não usa mais, coisas não tecnológicas que eu vou fazer para as pessoas brincarem quando chover e não tiver TV nem nada para fazer...

Entendeu, gente?

Momento de agir!
O Ás de Paus como arcano de aconselhamento para este momento de sua vida vem sugerir a necessidade de se atirar nas coisas com mais entusiasmo, sem medos, imprimindo tesão em tudo o que se faz, Ana. Você dispõe de imenso potencial criativo e está num momento excepcional para fazer valer as idéias que saltarão de sua mente e coração. Cuidado apenas para, no entusiasmo, não terminar “queimando” as pessoas ao seu redor. Temos, muitas vezes, idéias brilhantes e “vemos” as coisas de uma maneira que ninguém mais viu. Ficamos irritados quando os outros não acompanham a perfeição de nossa visão ou a clareza que tivemos a respeito de um projeto ou idéias. E é aí que mora o perigo, Ana: de nada adianta você ter uma ótima idéia, se não souber ter paciência para explicá-la.

Conselho: Atire-se! Mas tome cuidado para não ferir ninguém!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Coisas de João Pedro

(Depois de ficar de castigo)
- Você é muito má! É a mãe mais má do mundo! Não: do universo!

********

- Mamãe, você é muito bonitinha!
- É? Eu sou?
- É, de verdade. E é a pessoa que eu mais amo no universo!

********

- Gostou do meu vestido novo? (na verdade, era uma regata comprida que até daria para ser vestido - na praia...)
- É... bonito... (o olhar começou em cima e logo foi para baixo)
Com um jeitinho todo especial, que vem com uma franzidinha no olho e um sorrisinho de leve, já conhecido, continua:
- Só que cuidado com o vento, tá? Porque se ventar, olha... (e dá uma dobrada na barra para cima) Viu? Aí aparece um pouquinho aqui... É melhor você ficar dentro de casa. Mas eu permito você usar, tá?

domingo, 2 de janeiro de 2011

Alguém do bem

Fazia faculdade, primeiro ano. Trabalhava como agente administrativa no Departamento de Esportes da Prefeitura. Um evento em prol da duplicação da Rodovia Fernão Dias precisava de recepcionista para as autoridades que chegariam no aeroporto. Chefe foi me buscar e lá fui em pânico, sem saber o que fazer, sem saber o que falar com as "autoridades". O ano era 89.

Políticos de peso compareceram. Indicava o caminho, as pessoas, o café e eles passavam com aquele olhar que mostrava o quanto estavam interessados em estar ali rodeados de pessoas que, na maioria, nunca tinham visto. Na saleta onde se encontravam e aguardavam informações dos assessores, qualquer esforço em parecerem um pouco preocupados com qualquer coisa que fosse sumia já que o acesso era restrito.

Mas chega mais um avião. Pouco alvoroço em volta de quem apareceu no portão de entrada. Quem esperava para fazer aquela média com políticos não identificou o que chegava - ele estava sem terno, com camisa e jaqueta esporte. Mas eu sabia quem era e fui informar as autoridades locais que Magalhães Teixeira* estava entrando. Ao contrário de todos os outros que já haviam chegado - e dos que chegariam em seguida - , me cumprimentou e pediu atualização sobre o evento e mais detalhes. Já sabia que ele era diferente, mas naquele momento tive a certeza de que era bom.

Lembrando disto agora, percebo que a sensação que ele me transmitiu (e que fui aprendendo a decifrar com o tempo) foi o que me fez interessar pela política mesmo sem saber. O que percebi/senti ouvindo as poucas palavras que trocamos é que boas pessoas existem na política e que a política pode estar bem próxima das "pessoas comuns". As "autoridades", bem, que fiquem entre elas.

* Magalhães Teixeira foi prefeito de Campinas
por dois mandatos (1983 a 1988 e 1993 a 1996)
e eleito deputado federal (1990 a 1992) com
a maior votação da cidade. Em 1994, lançou
o Programa de Renda Minima, destinado a famílias
abaixo da linha de pobreza que cumprissem
algumas condições, como manter os filhos na escola
com bom desempenho e aceitar receber visitas
da assistência social. Também implantou um
canal de comunicação entre a população e
a prefeitura através de uma linha telefônia exclusiva
para este fim. Foi um dos fundadores do PSDB.
Morreu em 1996 devido a um câncer no fígado.

Lula "morreu" então agora vamos elogiar

Ontem não assisti a posse da Dilma. Dei uma paradinha no Band News e no Globo News no momento em que ela entrava pelo corredor lotadérrimo mas não dei conta de ouvir a narração da caminhada (e é nesse momento que penso, como jornalista, que bom não estar nesse terrível papel de locutora de cada passo).

Sendo sincera, algo mais me incomodou: o Sarney, que parecia não se conter em andar atrás da presidenta e de seu vice - e não se conteve em certo momento, aproveitando uma brecha maior que o Temer deu, se distanciando ligeiramente da Dilma e abrindo passagem para a ultrapassagem um pouco antes da curva. Foi a hora de deixar para trás o momento histórico e voltar para The Brothers Bloom - muito bom, por sinal (será que é mais um filme perigoso para a minha lista de favoritos perigosos?).

Rota corrigida, voltando à Brasília, a posse já foi, assim como o Lula (há controvérsia, mas...), agora é Dilma (com sua filha Paaauuula - bonito nome...).

(ando cheia de parênteses e reticências, não?)

De volta à pista (percebo um excesso de referências à corridas que devem ter origem em um dos presentes de Natal de João Pedro), Lula não é mais presidente e, de repente, alguns colunistas perceberam o quão bom presidente ele foi! Vejam só! E ainda há pessoas que lêem jornal para se informar! Oh! Oh! E oh!