sábado, 27 de março de 2010

Notas que explicam

"Demasiadamente tarde, conheci a boa consciência, no trabalho alternado das imagens e dos conceitos, duas boas consciências, que seria a do pleno dia e a que aceita o lado noturno da alma".
Bachelard

De passagem

"Chorei porque não era mais uma criança com a fé cega de criança. Chorei porque não podia mais acreditar e adoro acreditar. Chorei porque daqui em diante chorarei menos. Chorei porque perdi a minha dor e ainda não estou acostumada com a ausência dela."
Anaïs Nin

sexta-feira, 26 de março de 2010

Filosofia na noite

“Uma vez que nasceu esse deus – o amor –, do amor às coisas belas seguiram-se toda a classe de bens, tanto para os deuses como para os homens” 
("Banquete", Platão)


O cansaço e o sono que surgem avassaladores me impedem de elaborar qualquer raciocínio  que exija um mínimo de lógica. Provavelmente, se continuar pensando em tudo o que tenho urgência em fazer, vou conseguir algumas ótimas soluções - mas também virá muita coisa que deveria continuar só no mundo do pensamento... ou que, se colocada "no papel", não dará o entendimento correto.
Portanto, encerro aqui antes que seja tarde demais.

domingo, 7 de março de 2010

"A vida é bela"

Assistindo Oprah, ouço a história de um famoso crítico de cinema, Roger Ebert, que, após enfrentar um câncer e perder a mandíbula, as glândulas salivares, a possibilidade de  falar e comer, continua trabalhando e feliz.
Com o rosto deformado pelas inúmeras cirurgias, se recusa a passar por outra apenas para reconstrui-lo. Ele escreve:
"Creio que, se no final de tudo, de acordo com nossas habilidades, fizemos algo para deixar os outros um pouco mais felizes e a nós mesmos também, isso é o melhor que podíamos ter feito.
Fazer os outros menos felizes é um crime. Deixar nós mesmos infelizes é o começo de todos os crimes. Devemos contribuir com felicidade para o mundo. Isso é verdade, independentemente dos nossos problemas, nossa saúde, nossa situação. Temos que tentar.
Eu nem sempre soube disso, mas fico feliz de ter vivido o bastante para descobrir."

Aceitar-se é básico, mas nem um pouco atual. 
Sempre acontece de pessoas se assustarem ao saber da diferença em meu pé e minha perna - agora pernas. Assustam-se porque - não sei como - me conhecem há algum tempo e não tinham percebido.
Dizem que é por eu não agir como se o "problema" fosse um problema.  E realmente para mim não é. É sério quando digo que nem lembro. Talvez seja por não fazer diferença em nenhuma atividade da minha vida - só não posso comprar um sapato porque gostei na vitrine, mas pessoas com pés normais também não, então...
Nunca deixei de usar saias, mini-saias, shorts, sandálias abertas ou qualquer outro tipo de sapato que expusesse meu pé ou minha perna. 
Eu ando. Quero mais o quê?

Há cerca de três meses soube que uma pessoa que trabalha comigo não usava saia ou sandália aberta porque tinha tido paralisia infantil e feito uma operação que deixou uma cicatriz que começava próximo ao calcanhar e subia em direção ao joelho. E ela só me contou porque eu estava mostrando o meu "problema". Aquilo foi, durante toda sua vida, que é um pouco mais longa que a minha, um real problema.
Voltando das férias agora em janeiro, ela me contou que já tinha comprado duas sandálias e duas saias e que eu a veria usando - e vejo. 
Não me lembro de alguma vez ter reclamado ou me sentido injustiçada ou ter tido qualquer outro sentimento ruim por ter nascido assim. E, pensando bem, acho que devo agradecer.

Dia de Sofia

É o seguinte: preciso de opiniões. Opiniões sobre o filme "As invasões bárbaras" vindas de pessoas que apenas assistiram - ou vão assistir para dar sua preciosa opinião... 
E a essas caríssimas pessoas caridosas que ainda não assistiram, já aviso: dêem uma chance ao título.

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E já que é dia de Oscar:
"Quase deuses" (Something the lord made), de Joseph Sargent; "Adeus, Lênin!" (Good Bye, Lenin!), de Wolfganger Becker;
"O jardineiro fiel" (The constant gardener), de Fernando Meirelles;


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"Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste acto não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu acto mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste acto, de uma história superior a toda a história até hoje!" 
(Friedrich Nietzsche)

E para não fugir ao que se tornou rotina, poesia e um dedinho de música, ou melhor, letra sem música.

Quem me dera / Ao menos uma vez / Entender como um só Deus / Ao mesmo tempo é três / E esse mesmo Deus / Foi morto por vocês / É só maldade então / Deixar um Deus tão triste.

"Desde que me cansei de procurar,
aprendi a encontrar;
Desde que o vento começou a soprar-me na face,
velejo com todos os ventos."

(Nietzsche)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Totalmente sem tempo

E louca para as águas de março fecharem o verão e deixarem uma promessa de vida no meu coração.