domingo, 20 de abril de 2008

I love working.

"(Sidney) Lumet, o diretor, tem 83 anos.
Olha só o que ele disse numa entrevista: "I love working. If I find a script I want to do, I'm delighted about it. Then as soon as I finish, it's 'where's the next one?" (Eu adoro trabalhar. Se eu encontro um script que eu quero fazer, eu me sinto contente. Então, assim que eu o termino, eu me pergunto, cadê o próximo?). " *

Tudo bem que nem todos têm a possibilidade de exercer uma atividade que ame de paixão, mas odiar o trabalho eu acho demais.
Claro que não estou pensando em pessoas que têm que se sujeitar a um determinado trabalho por absoluta necessidade. Levando ao extremo, ninguém resolve tirar seu sustento do lixão.
O que eu não consigo aceitar é alguém passar grande parte de seu tempo detestando o que está fazendo, fazer mal feito, não aceitar a responsabilidade pelo resultado e, pior que tudo, passar a vida assim, sem fazer nada para mudar a situação.
Lógico que essas pessoas sempre apresentam desculpas, algumas até quase colam, mas aí eu penso: será que nada podia ser feito mesmo?

Acredito que toda mudança é possível. Em graus diferentes, mas é possível. E depende unicamente de cada um.
Essa afirmação me parece óbvia, porém conheço indivíduos que insistem em botar a culpa pelo seu fracasso - porque nesse caso é fracasso - em alguém, no Governo, na situação familiar, no papagaio, no periquito ...
Convivo com pessoas que contam os dias para a aposentadoria. Isso me apavora por inúmeros motivos, mas deveria apavorar mais a elas.
Eu não consigo me imaginar não produzindo nada. Eu me sinto responsável pelo mundo em que vivo, portanto tenho que contribuir de todas as formas possíveis e uma delas é o meu trabalho, seja qual for. Não é uma coisa pensada como acabei de explicar, não é planejado. É um sentimento, algo que eu simplesmente sei (como diria João Pedro: quando eu era bebê, já sabia).
Em minha ingenuidade (ainda restou alguma, apesar de pessoas com quem convivi e situações pelas quais passei), às vezes penso que algumas crenças são básicas. Aí vem a realidade e me assusta com declarações absurdas, apresentadas sem vergonha nenhuma e que mostram uma total falta de compromisso com tudo e todos.

Espero e peço a Deus que eu chegue aos 83 anos e possa dizer: I love working.


* Tirei o trechinho acima do blog Fatimando na Austrália, postagem sobre o filme "Before the devil knows you're dead".